O colapso das empresas na Venezuela: um alerta ao empresariado brasileiro
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📷Favelas da Venezuela © Brasil Paralelo |
Fechamento de milhares de negócios, colapso industrial e intervenção bancária mostram os riscos de políticas econômicas centralizadoras.
A experiência recente da Venezuela serve como um alerta importante para empresários e empreendedores que acompanham de perto os rumos econômicos da América Latina. Dados oficiais e análises independentes revelam o impacto devastador das políticas adotadas pelos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro sobre o setor produtivo.
Entre 2013 e 2014, já no primeiro ano de Nicolás Maduro, cerca de 77.839 empresas fecharam as portas, segundo o Instituto Nacional de Estatística da Venezuela. Em 2015, o país viu um encolhimento ainda mais drástico: o número de empresas em funcionamento caiu de 672 mil para 324 mil, uma redução de mais de 52%. Só naquele ano, 28 mil empresas encerraram as atividades.
O setor industrial seguiu o mesmo caminho. Em 1999, ano da chegada de Chávez ao poder, a Venezuela contava com aproximadamente 13 mil indústrias ativas. Em 2016, restavam apenas 4 mil - menos de um terço do total. A produção de veículos, por exemplo, caiu 86% em apenas dois anos: em 2016, eram fabricados apenas 10 carros por dia no país.
O sistema financeiro também foi alvo de intervenção constante. Durante a crise de 1994 -1995, 19 bancos foram fechados ou estatizados, afetando mais da metade dos depósitos do país. Já sob Chávez, entre 2009 e 2011, outras 22 instituições bancárias foram alvo de intervenção ou liquidação.
Grandes empresas estrangeiras, como Clorox e Zara, também deixaram o país entre 2014 e 2016, diante da instabilidade econômica, controle de preços e escassez de insumos. O processo culminou em um ambiente hostil ao empreendedorismo, com insegurança jurídica, alta inflação e desaparecimento de linhas de crédito.
A siderúrgica estatal SIDOR, uma das maiores do país, teve suas atividades suspensas após o grande apagão de 2019, simbolizando o colapso da capacidade industrial do Estado.
Esses números ilustram um processo contínuo de destruição de valor. O que começou como uma promessa de soberania econômica transformou-se em uma crise sem precedentes, que comprometeu a produtividade, a geração de empregos e a confiança de investidores.
Para os empresários brasileiros, a lição é clara: é fundamental defender o ambiente de negócios, a segurança jurídica e a autonomia do setor produtivo. Estudar o que ocorreu na Venezuela é entender como escolhas políticas mal calibradas podem afetar profundamente a estrutura econômica de um país - e comprometer décadas de progresso.
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