Senadores fracassam em missão milionária aos Estados Unidos
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📷Senadores brasileiros © Reprodução |
Missão oficial do Senado Federal retorna dos EUA sem resultados práticos e com alerta de novas sanções ao Brasil.
Uma comissão de Senadores brasileiros embarcou recentemente rumo aos Estados Unidos em missão oficial com o objetivo declarado de negociar a redução das tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros. A medida entra em vigor nesta Sexta-feira (01) e poderá afetar setores estratégicos da economia nacional.
O que era para ser uma articulação de peso no tabuleiro diplomático se revelou, no entanto, um fracasso custoso aos cofres públicos: a viagem consumiu aproximadamente R$ 500 mil e não resultou em qualquer avanço concreto.
O balanço da missão foi apresentado pelos próprios senadores na Quarta-feira (30). Segundo o relatório, o grupo teve reuniões informais com nove parlamentares norte-americanos - oito do Partido Democrata, que atualmente não possui maioria suficiente para barrar iniciativas do governo do Presidente Donald Trump, e apenas um do Partido Republicano. As conversas aconteceram enquanto a Câmara dos Representantes dos EUA encontrava-se em recesso legislativo, o que, na prática, esvaziou qualquer chance de deliberação institucional.
Não houve qualquer reunião com figuras ligadas diretamente ao Presidente Trump, tampouco com integrantes do alto escalão da Casa Branca. A agenda, na essência, limitou-se a encontros com empresários e políticos de segundo escalão. Mas o que parecia um fiasco diplomático ganhou contornos ainda mais preocupantes. Segundo os próprios senadores, durante as conversas os norte-americanos foram claros: há um projeto bipartidário em tramitação no Congresso dos EUA que prevê sanções automáticas a países que mantêm relações comerciais robustas com a Rússia - caso de Brasil, China e Índia. A expectativa dos estadunidenses é que em no máximo 90 dias o Projeto de Lei seja aprovado e sancionado.
“Estamos trazendo ao Brasil um recado antecipado de outra crise, que pode nos atingir nos próximos 90 dias”, afirmou o senador Carlos Viana, ao relatar a missão. “Tanto Republicanos quanto Democratas foram firmes em dizer que irão aprovar uma lei que vai criar sanções automáticas para todos os países que continuam negociando com a Rússia. E não será por decreto presidencial - será lei. E será dura”, concluiu.
Desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil triplicou seu comércio com a Rússia, adotando uma posição que tem sido lida, no exterior, como ambígua em relação ao conflito na Ucrânia. A estratégia, que busca preservar a neutralidade diplomática, pode agora cobrar um preço alto.
Além das sanções dos Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) também estuda medidas punitivas contra países considerados financiadores indiretos da guerra promovida por Moscou.
Sem articulação direta com a Casa Branca, sem apoio formal do Congresso norte-americano e agora sob a iminência de novas sanções comerciais, a missão do Senado aos Estados Unidos deixa mais perguntas do que respostas. O saldo, até aqui, é de meio milhão de reais em diárias, passagens e hospedagens para ouvir o que já se sabia: o Brasil está na mira do Ocidente.
Por Walter Fontenele | Portalphb
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