Morre o artista plástico Francisco Galeno, aos 68 anos

Francisco Galeno
📷Francisco Galeno © Reprodução
🏠Parnaíba (PI)

O artista plástico Francisco Galeno morreu, aos 68 anos, nesta segunda-feira (2/6), em Parnaíba, no estado do Piauí. A informação foi confirmada pelo filho do artista, o arquiteto e urbanista João Galeno. Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento.

Galeno foi encontrado sem vida ao lado da cama em seu ateliê. Segundo a família, ele estava com dengue, mas havia resistido a procurar atendimento médico. Apesar disso, não há informações de que a morte foi em decorrência da doença. A polícia foi acionada e vai abrir um inquérito para investigar.


Nascido em Parnaíba, no Piauí, e radicado no Distrito Federal desde os anos 1960, Galeno foi um dos artistas mais representativos da capital. É dele o painel da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na Asa Sul, que substituiu os afrescos originais de Alfredo Volpi, apagados pela cúria metropolitana.

Ao Metrópoles, a galerista Karla Osório, que trabalhou com o artista entre 2016 e 2023 e era próxima da família, destacou a importância de Galeno para a arte brasileira.

“O Galeno foi um dos meus amigos mais próximos, sou madrinha de batismo de um dos filhos dele. Ele é um dos meus melhores amigos e, para mim, um dos melhores artistas do Brasil. A morte dele é uma perda imensa para a arte brasileira. Ele deixa uma herança maravilhosa em termos de importância para a arte. Infelizmente, o Galeno não teve o reconhecimento que merecia. Eu lamento demais a morte dele, estou muito triste”, afirmou Karla.
Relembre a trajetória de Francisco Galeno

Francisco Galeno nasceu em Parnaíba (PI) em uma família de artesãos: o pai era pescador e fabricava canoas, a mãe era costureira e rendeira, e o avô, vaqueiro, produzia selas e arreios de couro. Ainda jovem, começou a pintar e a visitar exposições em Brasília, interessado inicialmente por paisagens e figuras humanas.

Em 1965, chegou à capital e, por volta de 1969, foi despejado com a família em uma rua de terra em Brazlândia, onde se estabeleceu e manteve residência até o fim da vida. Galeno conhecia cada canto da cidade e fazia questão de continuar ali, mesmo após conquistar reconhecimento nacional.

Sua obra é marcada por cores vibrantes, formas geométricas e referências afetivas à infância às margens do Rio Parnaíba. Incorporou elementos do cotidiano, como anzóis, carretéis e latas, numa linguagem própria que dialogava com o construtivismo brasileiro de Alfredo Volpi e Rubem Valentim, mas com um tom lúdico, popular e festivo.

Além da pintura, Galeno também atuava em esculturas, instalações e criação de roupas. Quando criança, sonhava em ser jogador de futebol — e chegou a desenhar o uniforme do time de Brazlândia. Nos últimos anos, desenvolvia um projeto dedicado aos chamados “loucos de BR”, personagens que encontrava em suas viagens ao Piauí e que via como artistas espontâneos, carregados de expressão e inventividade popular.

Por Yasmin Rajab e Ranyelle Andrade

Tecnologia do Blogger.