Auxílio Brasil de R$ 600 começa a ser pago em agosto

Imagem de divulgação
📷Imagem de divulgação
🏠Brasil

Após tramitação célere e conturbada na Câmara, a Proposta de Emenda à Constituição 15/2022, chamada de PEC das Bondades, foi aprovada, ontem, em segundo turno, por 469 votos a favor, 17 contra e duas abstenções. O texto aumenta os benefícios sociais a menos de três meses das eleições e é a aposta do governo para tentar elevar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que busca a recondução. Agora, a matéria segue para promulgação pelo Congresso.

A PEC determina o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, a ampliação do vale-gás, um voucher para caminhoneiros de R$ 1 mil mensais e auxílio-gasolina destinado a taxistas, entre outros benefícios (veja arte). O governo se organiza para pagar os benefícios a partir do mês que vem. O Auxílio Brasil turbinado passará a valer dia 18, enquanto os repasses a caminhoneiros e taxistas e o vale-gás, no dia 1º. Todas as benesses têm validade até dezembro deste ano — por isso, a PEC foi tachada de eleitoreira pela oposição. O custo total é de R$ 41,2 bilhões.

Apesar das tentativas dos opositores do governo para adiar a votação, retirar do texto o status de estado de emergência e tornar permanente o aumento no Auxílio Brasil, a PEC foi aprovada sem alterações em relação à matéria avalizada pelo Senado. Se houvesse mudanças, precisaria passar por nova análise dos senadores, o que atrapalharia os planos do governo.

Produtos Longá | Parnaíba

A votação em primeiro turno ocorreu na terça-feira, com 393 votos a favor e 14 contrários. A sessão, no entanto, acabou suspensa por causa de problemas no sistema eletrônico da Casa. Lira retomou os trabalhos ontem de manhã, mantendo o quórum alcançado no dia anterior, que favorecia o aval à PEC também em segundo turno. Sem a manobra, havia dúvidas se seria possível obter o quórum para votação.

Parlamentares, porém, protestaram, sob o argumento de que a sessão não poderia ser retomada, uma vez que a suspensão durou mais de uma hora. Para isso, usaram o Artigo 70 do regimento da Câmara, segundo o qual "o presidente poderá suspender a sessão por uma única vez, pelo prazo máximo de uma hora, findo o qual considerar-se-á encerrada".

Lira acatou, mas, em contrapartida, anunciou que a sessão seria, também, remota. Parlamentares puderam, assim, registrar presença de forma virtual, o que garantiu o quórum. A manobra foi duramente criticada pela oposição. "O fato é que (Lira) mudou a regra do jogo três vezes. (...) Agora, para garantir voto de deputados que não vieram a Brasília e que são aliados do presidente da Câmara, alterou para ser virtual", reprovou o deputado Glauber Braga (PSol-RJ). "Isso é uma vergonha! Nem Eduardo Cunha teve coragem de fazer isso", completou, numa referência ao ex-presidente da Câmara.

O parlamentar disse que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra as manobras do político do PP. "Após suspender a sessão, mesmo sendo contra o regimento da Câmara, ele muda a regra do jogo mais uma vez, dizendo que a votação toda pode acontecer de forma remota. Então, ontem (terça) era híbrida, depois era presencial e, agora, pode ser toda remota novamente? Onde isso vai parar?", questionou.

Mandubem | Parnaíba

Já os governistas aprovaram a postura de Lira. Segundo o deputado Giovani Cherini (PL-RS), o presidente da Câmara "agiu de forma responsável, porque ontem (terça) 'hackearam' o nosso sistema". "Não sabemos quem foi e não acusamos ninguém. Agora, estão acusando vossa excelência de ter mudado a regra do jogo. Não. Vossa excelência fez o que tinha que fazer. Este país precisa tomar decisões", destacou, se dirigindo a Lira.

Durante a sessão de ontem, aliados do Planalto apresentaram argumentos em favor da aprovação do texto sem alterações. "A responsabilidade fiscal nos chama, neste momento, a manter o texto que está estabelecido na PEC e deixar o prazo desses R$ 600 até dezembro. Por quê? Porque arrecadamos 25 bilhões na capitalização da Eletrobras, arrecadamos mais R$ 40 bilhões nos dividendos da Petrobras, além daqueles R$ 20 bilhões que já estão no orçamento", discursou o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). "Portanto, estamos aplicando neste socorro emergencial recursos já arrecadados. Para o ano que vem, ainda vamos ter de avaliá-los."
Investigação

A Polícia Federal abriu um procedimento preliminar para investigar a pane no sistema de votação da Câmara. Agentes chegaram ao local por volta das 22h de terça-feira e deixaram o local pouco depois das 3h de ontem. A nota da corporação sobre o caso foi lida em plenário, ontem, por Lira. "A área técnica da Câmara verificou instabilidade no sistema de votação remota a partir das 19h. A situação se agravou rapidamente, suspendendo qualquer possibilidade de votação a distância, inclusive com a queda da rede wi-fi", relatou a PF.

Por sua vez, o presidente da Câmara enfatizou que "foram interrompidos, simultaneamente, os dois links de internet, fornecidos por empresas distintas". "Trata-se de uma ocorrência grave e sem precedentes. Para assegurar que todos os deputados exerçam seu legítimo direito de voto, foi suspensa a sessão e determinada a investigação imediata das causas e responsabilidades da pane do sistema."

 

Tecnologia do Blogger.