Série D finaliza 1º turno da fase de grupos com equipes tradicionais em apuros

Taça Série D
📷Taça Série D © Célio Messias
🏠Nacional

A Série D do Campeonato Brasileiro encerrou na segunda-feira a primeira metade de sua fase de grupos. Com 50% do caminho rumo ao mata-mata já percorrido, o Globo Esporte decidiu traçar um panorama das equipes que estão bem e outras que estão tendo dificuldades para confirmar uma vaga na segunda fase da competição. Dentre esses, alguns times tradicionais, que até pouco tempo figuravam nas mais altas prateleiras do futebol brasileiro e que hoje estão em situação complicada naquela que, para muitos, é a mais difícil de todas as quatro divisões do futebol nacional.

A atual edição da Série D do Brasileirão teve início no último dia 17 de abril. Desde então, foram 224 partidas disputadas pelos 64 clubes participantes, que marcaram 505 gols marcados, o que representa uma média de 2,25 gols por jogo. O placar mais comum até o momento foi 1 a 0, que se repetiu em 51 partidas.

A 4ª divisão do Campeonato Brasileiro tem como tradição, além da dificuldade, a presença de grandes clubes do futebol nacional que atravessam momentos difíceis. A temporada de 2022, por sua vez, não é diferente. Entre os seus integrantes, estão equipes como América-RN, ASA, Brasiliense, Caxias, Icasa, Paraná, Santo André, Santa Cruz e Oeste, times de tradição e que tentam, a partir da última divisão, voltar a se firmar nas principais divisões do futebol nacional e, com isso, retornar aos dias de glória. Desses, alguns terminaram a primeira metade da fase classificatória fazendo uma boa aparição e se mantendo firmes como favoritos ao acesso, enquanto outros apresentam dificuldades que, caso não sejam corrigidas, podem fazê-los permanecer por mais tempo na última divisão ou até sem série alguma nos próximos anos.

Clubes tradicionais na Série D 2022

AMÉRICA-RN - 6º lugar do Grupo 3

Campeão da Copa do Nordeste em 1998, vice-campeão da Série B do Brasileirão em 1996 e equipe potiguar com mais participações na elite do futebol nacional (15 vezes), sendo a última em 2007, o América-RN está na sua sexta temporada consecutiva na Série D do Brasileirão. Após bater na trave do acesso em 2020 e 2021, o Dragão deseja em 2022 deixar para trás a 4ª divisão e iniciar a escalada rumo à Série A. Porém, ao fim da primeira metade da fase de classificação, o Mecão tem apresentado irregularidades em sua campanha e, muito por isso, é o atual sexto colocado da sua chave, fora do G-4 e, caso o campeonato terminasse hoje, estaria eliminado.

Campanha do América-RN:

7 jogos | 2 vitórias | 4 empates | 1 derrota
10 pontos conquistados
34º colocado na classificação geral

ASA - 1º lugar do Grupo 4

Com participações recorrentes na Série B do Brasileirão na década de 2010 e protagonizando grandes feitos no cenário nacional — como em 2002, quando eliminou o Palmeiras na Copa do Brasil em pleno Parque Antártica —, o ASA de Arapiraca é outro grande time a figurar entre os participantes da Série D em 2022. O Fantasma lidera o Grupo 4, mas, após vencer os três primeiros jogos na 4ª divisão, perdeu força e não vence há quatro partidas. Olhando com cautela para as equipes imediatamente atrás na tabela de classificação, o time do interior alagoano deseja classificar-se à próxima fase e, com isso, permanecer vivo na luta pelo retorno à Série C, competição da qual não participa desde 2017.

Campanha do ASA:

7 jogos | 3 vitórias | 2 empates | 2 derrotas
11 pontos conquistados
26º colocado na classificação geral

BRASILIENSE - 1º lugar do Grupo 5

O Brasiliense, um dos mais tradicionais clubes do Centro-Oeste brasileiro, é uma das equipes com mais peso na atual edição da Série D. Isso se dá pela memorável década de 2000 vivida pelo clube, onde, em um intervalo de apenas três anos (2002 a 2004), foi vice-campeão da Copa do Brasil e campeão das séries B e C do Campeonato Brasileiro. No entanto, após o rebaixamento à 4ª divisão, em 2013, o Jacaré jamais conseguiu retornar à Terceirona e, com isso, voltar a disputar as principais divisões do futebol nacional. O Esquadrão Amarelo, que conta com nomes experientes em seu plantel, como o atacante Hernane Brocador, ex-Flamengo e Bahia, e Bernardo, ex-Vasco e Ceará, lidera o Grupo 5 e segue firme rumo à classificação à próxima fase.

Campanha do Brasiliense:

7 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 1 derrota
16 pontos conquistados
2º colocado na classificação geral


Hernane Brocador, atacante do Brasiliense, é o grande nome do Jacaré na temporada — Foto: Edmilson Aguiar/Divulgação

CAXIAS - 3º lugar do Grupo 8

Primeiro clube do interior do Rio Grande do Sul a disputar o Campeonato Brasileiro, em 1976, e a Copa do Brasil, em 1991, o Caxias acumula em seus 87 anos de vida um grande histórico de conquistas e bons resultados. Tendo disputado as duas primeiras divisões do Brasileirão por 15 temporadas (11 na Série B e quatro na Série A), o Grená quer repetir o feito do grande rival, Juventude, que em 2013 saiu da Série D e hoje disputa a 1ª divisão do Campeonato Brasileiro. Os gaúchos ocupam atualmente a terceira colocação do Grupo 8 e terão pela frente nas próximas rodadas uma sequência de partidas que podem deixá-los confortáveis na luta pela classificação.

Campanha do Caxias:

7 jogos | 4 vitórias | 1 empate | 2 derrotas
13 pontos conquistados
14º colocado na classificação geral


Caxias quer deixar a Série D para trás e voltar às principais divisões do Campeonato Brasileiro — Foto: Luiz Erbes / SER Caxias

ICASA - 4º lugar do Grupo 3

O Icasa foi uma das principais equipes do interior cearense na década de 2010. Com participações recorrentes na Série B do Brasileirão, bateu na trave do acesso à Série A, em 2013, quando ficou na 5ª colocação a apenas um ponto do Figueirense, última equipe a conquistar o acesso à 1ª divisão em 2014. Desde então, o Verdão do Cariri passou por uma série de crises internas que o fez cair de divisão, tanto no Brasileirão, como também no Campeonato Cearense. Buscando se reerguer e trazendo consigo o apoio de sua torcida na novíssima Arena Romeirão, em Juazeiro do Norte, o Alviverde quer, já em sua temporada de retorno às competições nacionais, fazer bonito e retornar à Série C, competição da qual não participa desde 2015.

Campanha do Icasa:

7 jogos | 3 vitórias | 2 empates | 2 derrotas
11 pontos conquistados
25º colocado na classificação geral


Icasa quer retornar aos tempos de glória vividos na década de 2010 — Foto: Divulgação

PARANÁ - 2º lugar do Grupo 7

Com apenas 32 anos de vida, o Paraná já desponta como um dos grandes clubes do Brasil. Isso porque, com apenas dois anos de idade, em 1992, ergueu a taça de campeão brasileiro da Série B e, com isso, fez com que participações na elite do futebol nacional se fizessem frequentes em sua trajetória. Prova disso é que, até hoje, o Tricolor da Vila disputou 16 vezes a Série A do Brasileirão, 15 vezes a Série B, apenas duas vezes a Série C e faz, em 2022, a sua temporada de estreia na Série D, onde já se põe como um dos favoritos ao acesso à Terceirona na busca pela remontada até o topo das competições nacionais.

Campanha do Paraná:

7 jogos | 4 vitórias | 3 empate | 0 derrotas
15 pontos conquistados
6º colocado na classificação geral


Estreante na Série D, Paraná quer retornar logo para as primeiras divisões — Foto: Oscar Felipe/Paraná

SANTO ANDRÉ - 5º lugar do Grupo 7

Ao lado do São Caetano — outro gigante adormecido que atravessa um mau momento em sua história —, o Santo André foi uma das equipes do interior paulista que foram verdadeiras sensações no início dos anos 2000. Campeão da Copa do Brasil logo em sua temporada de estreia na competição, em 2004, batendo, em pleno Maracanã, o Flamengo, o Gigante do ABC é uma das equipes que querem deixar a Série D para trás. No entanto, após 10 temporadas do seu rebaixamento à 4ª divisão, os paulistanos atravessaram uma série de dificuldades e, muito por isso, tiveram dificuldades de se reerguer dos consecutivos rebaixamentos, tanto no cenário estadual, quanto no nacional nos últimos anos. Na atual edição da Série D, o Santo André é apenas o 5º colocado do Grupo 7 e, caso o campeonato tivesse fim hoje, seria eliminado ainda na primeira fase.

Campanha do Santo André:

7 jogos | 2 vitórias | 1 empate | 4 derrotas
7 pontos conquistados
44º colocado na classificação geral


Campeão da Copa do Brasil de 2004, Santo André amarga anos difíceis na última década — Foto: Gabriel Facchin Dotto

SANTA CRUZ - 6º lugar do Grupo 4

Com 24 participações na Série A do Campeonato Brasileiro, 20 na B, campeão da Série C em 2013 e da Copa do Nordeste em 2016, o Santa Cruz, uma das equipes com mais torcida na região, é um dos gigantes que não vivem um bom momento em sua história e, por isso, integram a 4ª divisão. Após ser rebaixado na última temporada da Terceirona, a Cobra Coral também tem apresentado dificuldades em sua campanha na Série D, onde ocupa apenas o sexto lugar da sua chave. O torcedor tricolor, no entanto, acredita na remontada do seu clube que, na década de 2010, saiu da Série D para a Série A em apenas cinco temporadas.

Campanha do Santa Cruz:

7 jogos | 2 vitórias | 2 empates | 3 derrotas
8 pontos conquistados
42º colocado na classificação geral


Gigante do futebol nacional, Santa Cruz está fora da zona de classificação à próxima fase da Série D neste momento — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

OESTE - 4º lugar do Grupo 7

Após o acesso à Série C em 2011, ao lado de Santa Cruz, Tupi e Cuiabá, o Oeste seguiu em ascensão e, logo em 2012, conquistou o título brasileiro da Terceirona e, consequentemente, o acesso à Série B, competição disputada pelo time de Itápolis de 2013 a 2020, quando foi rebaixado de volta à 3ª divisão nacional. A torcida que aguardava um retorno breve à Série B, no entanto, se decepcionou quando viu a Onça Rubro-Negra amargar o seu segundo rebaixamento consecutivo e retornar à Série D, onde figura na 4ª colocação de sua chave, lutando palmo a palmo por uma vaga na segunda fase do torneio.

Campanha do Oeste:

7 jogos | 2 vitórias | 2 empates | 3 derrotas
8 pontos conquistados
43º colocado na classificação geral


Após disputar a Série B por 8 temporadas, Oeste quer retornar o mais rápido possível à Segundona — Foto: Guilherme Videira/Grêmio Novorizontino

Melhor ataque x pior ataque

Quarto colocado do Grupo 4 após o fim da primeira metade da fase de classificação, o CSE é o detentor do melhor ataque da competição até o momento, com 15 gols marcados em sete jogos. Ou seja, a equipe alagoana tem uma média momentânea de 2,14 gols marcados por jogo na atual edição da 4ª divisão do futebol nacional. O bom repertório ofensivo do Tricolor Palmeirense se deve à boa fase do atacante Júnior Timbó, que, com cinco gols marcados na competição, é o terceiro maior artilheiro do certame nessa virada de turno.


CSE tem o melhor ataque desta primeira metade de fase de grupos da Série D — Foto: ASCOM CSE

Se o CSE se destaca entre as 64 equipes do torneio como a que tem o melhor poderio ofensivo, por outro lado, Crato e Tuna Luso se destacam exatamente pelo oposto. Com apenas dois gols marcados em sete partidas, o que representa uma média de 0,28 gols por jogo, cearenses e paraenses dividem o posto de pior ataque da competição até agora.

MELHORES ATAQUES

CSE - 15
Amazonas FC - 14
Fluminense-PI - 14
Retrô - 14
Ferroviária - 13
Moto Clube -13
São Raimundo-AM - 13
Trem - 13
Brasiliense -12
Lagarto - 12

PIORES ATAQUES

Crato - 2
Tuna Luso - 2
Globo FC - 3
Portuguesa RJ - 3
URT - 3
Caldense - 4
Operário-MT - 4
Próspera - 4
Santo André - 4
Bahia de Feira - 4

Melhor defesa x pior defesa

Sete jogos e mais de 630 minutos sem sofrer um gol sequer. Essa é a campanha do São Bernardo, equipe que lidera o Grupo 7 e tem, de longe, a melhor defesa da competição ao fim da primeira metade da fase de grupos. O Bernô, no entanto, é seguido de perto pelo Paraná, que sofreu apenas um gol até o momento, e Ceilândia e Retrô, que sofreram dois.


São Bernardo tem a melhor defesa da Série D até agora, com nenhum gol sofrido em sete jogos — Foto: Divulgação / São Bernardo

Se o sistema defensivo da equipe paulista é intransponível, o mesmo não se pode dizer da defesa do Náutico-RR. Até o fim da sétima rodada da Série D, foram 22 gols sofridos em 7 jogos, o que representa uma altíssima média de 3,14 tentos cedidos a cada jogo disputado. E é muito por conta dessa questão que a Águia Rubra segura a lanterna do Grupo 1, com apenas dois pontos conquistados.

MELHORES DEFESAS

São Bernardo - 0
Paraná - 1
Ceilândia - 2
Retrô - 2
América-RN - 3
Bahia de Feira - 3
Azuriz - 4
Costa Rica - 4
Anápolis - 5
FC Cascavel - 5

PIORES DEFESAS

Náutico-RR - 22
Ação - 16
Trem - 15
URT - 14
Tuna Luso - 14
CSE - 14
Sousa - 11
Humaitá - 11
Caldense - 11
Aimoré - 11

Disciplina x indisciplina

Com apenas 10 cartões amarelos recebidos até o momento, o Globo FC é a equipe mais disciplinada desta primeira metade da fase de grupos da Série D. A Águia de Ceará-Mirim, inclusive, possui uma das menores médias de advertências por jogo na atual edição da 4ª divisão, com apenas 1,42 amarelos sendo mostrados para seus jogadores a cada 90 minutos.


Globo FC é a equipe mais disciplinada da Série D até o momento — Foto: Marcelo Diaz/ACDP

Por outro lado, o Porto Velho é, com certa margem, a equipe mais indisciplinada do Brasileirão Série D. Em sete partidas jogadas, a Locomotiva recebeu incríveis 32 amarelos até o momento, o que representa uma média alarmante de 4,57 advertências por jogo.

Jogador mais advertido

Pedro Dias, do Tocantinópolis, foi o jogador mais penalizado em toda a primeira fase da Série D: seis cartões amarelos e duas suspensões automáticas computadas para o defensor do Verdão do Norte.

Artilheiro

Quando o quesito é bola na rede, a artilharia desta primeira metade da fase classificatória da Série D teve um dono isolado: Franklin Mascote, do Retrô. O atacante da Fênix foi o autor de sete gols em sete jogos disputados até o momento. Na segunda posição, Mário Sérgio, do Fluminense-PI, aparece com seis tentos anotados em sete partidas. Na terceira posição, empatados com cinco gols, surgem Júnior Timbó, do CSE, Rafael Tavares, do Amazonas FC, e Daniel Passira, do Pacajus.

Mascote (Retrô) - 7 gols
Mário Sérgio (Fluminense-PI) - 6 gols
Júnior Timbó (CSE) - 5 gols
Rafael Tavares (Amazonas FC) - 5 gols
Daniel Passira (Pacajus) - 5 gols


Franklin Mascote, atacante do Retrô, é o grande artilheiro da Série D, com sete gols em sete jogos — Foto: Raphael Cunha / Retrô FC Brasil

MAIORES GOLEADAS

A maior goleada até o momento na Série D do Brasileirão aconteceu logo na primeira rodada do Grupo 6: a Ferroviária, jogando no Estádio Fonte Luminosa, aplicou um sonoro 8 a 0 na URT e iniciou a 4ª divisão do Campeonato Brasileiro com o pé direito.


Maior goleada da 4ª divisão aconteceu logo na primeira rodada, quando a Ferroviária bateu a URT por 8 a 0, na Fonte Luminosa — Foto: Jonatan Dutra/Ferroviária SA

Já a segunda maior vitória da competição aconteceu na sexta rodada do Grupo 1, quando, no Estádio da Colina, em Manaus, o São Raimundo-AM aplicou um 5 a 1 no Náutico-RR, resultado que deixou o Alviceleste nas primeiras colocações de sua chave.

MAIORES VITÓRIAS DA SÉRIE D ATÉ O MOMENTO

Ferroviária 8 x 0 URT
São Raimundo-AM 5 x 1 Náutico-RR
Fluminense-PI 4 x 0 Tocantinópolis
Lagarto 4 x 0 ASA
Tocantinópolis 4 x 1 Cascavel
Náutico-RR 1 x 4 Rio Branco-AC
São Paulo Crystal 1 x 4 Retrô


Números gerais da Série D (até a 7ª rodada)

Jogos: 224
Gols: 505 (2,25 por jogo)
Cartões amarelos: 1234 (5,50 por jogo)
Cartões vermelhos: 86 (0,38 por jogo)
Melhor ataque: CSE (15 gols marcados)
Pior ataque: Tuna Luso e Crato (dois gols marcados)
Melhor defesa: São Bernardo (nenhum gol sofrido)
Pior defesa: Náutico-RR (22 gols sofridos)
Maior goleada: Ferroviária 8 x 0 URT (1ª rodada)

Por Ge.com

 

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